Berenice Abbott nasceu em 1898, no estado de Ohio, nos Estados Unidos. Largou a faculdade de jornalismo e abandonou a cidade natal para se aventurar na agitada Nova York. A jovem, que sonhava em ser escritora, se apaixonou pela escultura e, em 1921, embarca para a Europa. Em Paris, capital das artes naquele momento, estudou na Académie de la Grande Chaumière. Teve, também, uma breve passagem pela cidade de Berlin, onde estudou fotografia na Staatliche Kunstschule.
Na capital francesa, Berenice passou a trabalhar como assistente do já famoso artista e fotógrafo Man Ray. Primeiramente ela foi responsável pelas impressões, mas, depois de um tempo, passou a assumir diversas sessões de fotos – inclusive à pedido dos clientes. Em decorrência do êxito na fotografia e com a ajuda de alguns amigos, entre eles Peggy Guggenheim, a nova fotógrafa abriu seu próprio estúdio em 1926. Ela explica: “Eu não decidi ser uma fotógrafa, apenas aconteceu de eu cair nisso”.
Em seu novo local de trabalho, onde realizava muitos retratos, ela fotografou nomes como: James Joyce, Coco Chanel e Djuna Barnes. Berenice, que já tinha conhecimento do trabalho de Eugène Atget, foi visita-lo e acabou por tirar o último retrato antes da morte do mestre, em 1927. Ela admirava as fotografias de Atget (que, naquela época, era um flâneur pouco conhecido e que havia catalogado a cidade de Paris durante décadas) e, por isso, comprou todas as suas obras. Ela se responsabilizou por publicar muitas de suas fotografias e, em 1968, deixou como legado o acervo de fotografias de Atget para o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).
Em 1929, Berenice viaja para Nova York e se encanta com a modernização e dinamismo da cidade e, por isso, decide ficar. De volta ao seu país, ela tem a ideia de acompanhar, através da fotografia, as mudanças na metrópole – inspirada pelas fotografias de Paris feitas por Atget. Conseguiu suporte do governo (através da Federal Art Project) para a realização do projeto e, durante quatro anos, teve à sua disposição um grupo de pesquisa, assistentes e motorista. O resultado foi apresentado no livro Changing New York, lançado em 1939. Foram por essas fotos, com um belo equilíbrio entre documental e artístico, que seu nome tornou-se conhecido.
Nos anos seguintes a fotógrafa dedicou-se à fotografia científica, registrando fenômenos elétricos e magnéticos. Com sua técnica e seu olhar singular, ela obteve imagens muito interessantes visualmente. Esses trabalhos foram bem recebidos, tanto no âmbito das artes como no da ciência, mas ela teve dificuldades em conseguir suporte financeiro – e acredita que, se fosse um fotógrafo homem, teria sido mais fácil.
Além do trabalho como fotógrafa, Berenice foi muito ativa na pesquisa e reflexões em torno da fotografia. Ela escreveu livros e artigos técnicos sobre o uso da câmera, como o Guide to Better Photography, de 1941. Ela reconheceu, em um momento que pouco se falava sobre isso, que as mulheres ganhavam menos que os homens, mesmo fazendo o mesmo trabalho. A partir disso, ela passou a apoiar e encorajar mulheres a entrar no campo da fotografia.
“Na escolha e no tratamento de um determinado tópico, [a fotografia] é tão pessoal quanto a música e a escrita; ao mesmo tempo, o fato de que isso trabalha com um instrumento que registra um segmento da realidade já feita, imutável – isso é impessoal no maior grau. Isso é, para mim, o interessante: a união do pessoal com o impessoal.” [em tradução livre]
Após a morte de sua companheira (a crítica de arte Elizabeth McCausland, com quem viveu durante 30 anos), Berenice foi morar em uma pequena casa em Maine, onde ficou até a sua morte, em 1991.































LIVROS
Livros de fotografias de Berenice Abbott
- Changing New York. New York: Dutton, 1939. With text by Elizabeth McCausland.
- Greenwich Village: Yesterday and Today. New York: Harper, 1949. With text by Henry Wysham Lanier.
- A Portrait of Maine. New York: Macmillan, 1968. With text by Chenoweth Hall.
Outros livros com contribuição de Berenice Abbott
- Atget, photographe de Paris. Paris: Henri Jonquières; New York: E. Weyhe, 1930. (As photograph editor.)
- The Attractive Universe: Gravity and the Shape of Space. Cleveland: World, 1969. With text by Evans G. Valens.
- A Guide to Better Photography. New York: Crown, 1941. Revised edition: New Guide to Better Photography (New York: Crown, 1953).
- Magnet. Cleveland: World, 1984. With text by Evans G. Valens.
- Motion. London: Longman Young, 1965. With text by Evans G. Valens.
- Twenty Photographs by Eugène Atget 1856–1927.
- The View Camera Made Simple. Chicago: Ziff-Davis, 1948.
- A Vision of Paris: The Photographs of Eugène Atget, the Words of Marcel Proust. New York: Macmillan, 1963. Edited by Arthur D. Trottenberg.
- The World of Atget. New York: Horizon, 1964. (And later editions.)
- “Berenice Abbott.” Germany/New York: Steidl, 2008. Berenice Abbott. Edited by Hank O’Neal and Ron Kurtz.
Antologias
- Berenice Abbott. Aperture Masters of Photography. New York: Aperture, 1988.
- Berenice Abbott, fotografie / Berenice Abbott: Photographs. Venice: Ikona, 1986.
- Berenice Abbott: Photographs. New York: Horizon, 1970.
- Berenice Abbott: Photographs. Washington, D.C.: Smithsonian Institution Press, 1990.
- O’Neal, Hank. Berenice Abbott: American Photographer. New York: McGraw-Hill, 1982. British title: Berenice Abbott: Sixty Years of Photography. London: Thames & Hudson, 1982.
- Van Haaften, Julia, ed. Berenice Abbott, Photographer: A Modern Vision. New York: New York Public Library, 1989.
FILMES
- Documentário: “Berenice Abbott: A View of the 20th Century”, 1992
REFERÊNCIAS
FRIEDEWALD, Boris. Women Photographers: From Julia Margaret Cameron to Cindy Sherman. Prestel, 2014.
HORWITZ, Margot F. A Female Focus: Great women photographers. Franklin Watts, 1996.