
Vania Toledo nasceu em 1945, em Minas Gerais. É formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1973) e fotografa desde a década de 1970. Em 1978 iniciou sua carreira fotográfica, no jornal Aqui São Paulo, no qual foi editora de fotografia. Abriu seu próprio estúdio em 1981, e colaborou com várias publicações brasileiras, como as revistas Vogue, Claudia, Veja e IstoÉ e internacionais como Time, Life e Connaiseur. É conhecida como retratista, tendo fotografado várias figuras conhecidas da cena cultural brasileira, principalmente do teatro, que ela diz ser sua paixão. Além de trabalhar com fotografia de palco e bastidores do teatro, fez muitas das capas de discos e livros. A maioria da sua produção fotográfica é em preto e branco, utilizou cor em poucos trabalhos. Publicou dois livros de retratos que fizeram muito sucesso, um com retratos masculinos, chamado Homens (1980), e outro de retratos femininos, intitulado Personagens Femininos (1992).
Seu livro Homens fez com que ficasse conhecida em todo o país devido à repercussão que obteve. O livro contém fotografias de 34 homens nus, anônimos, como o próprio filho de Vania Toledo, e famosos, como Caetano Veloso, Nuno Leal Maia, Walter Franco, Roberto de Carvalho e Ney Matogrosso. Toledo conta em entrevista[1] que a ideia do livro surgiu após refletir sobre o fato de seu marido possuir várias revistas de mulheres nuas, tendo assim acesso à imagem do corpo de inúmeras mulheres, ao mesmo tempo em que os únicos corpos masculinos nus que ela conhecia eram o dele e o de seu filho. Toledo se perguntava por que não poderia ela, como mulher, conhecer os corpos de outros homens, constituindo assim uma igualdade de desejo para ambos os gêneros. Já que não havia muitas publicações nacionais com homens nus, ela fez a sua própria. Dessa forma, aconteceu o trabalho, que é obra referencial na fotografia brasileira, uma compilação de retratos que mostram como o homem lidava com seu próprio corpo nas décadas de setenta e oitenta. Nos anos setenta, havia um espírito maior de liberdade, como conta Vania na mesma entrevista: “Eu pertenci, felizmente, a uma época onde a liberdade do pensar, do agir, do tirar a roupa, era uma atitude libertária e normal.” Os movimentos de contracultura dos anos sessenta e setenta discutiam a liberdade sexual, e nesse período os estudos de gênero se fortificaram e começaram a discutir a imagem do corpo feminino e do corpo masculino, e a questionar o sistema vigente. As fotografias de Toledo foram feitas nesse momento de efervescência de tais debates.
O livro e a exposição Personagens Femininos lhe renderam o Prêmio Excelência Gráfica (concedido pela Associação Brasileira de Técnicos Gráficos) e o Prêmio de Melhor Exposição do Ano de 1993 (concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte). No livro, a fotógrafa pediu para 54 atrizes que vivessem por um dia uma personagem que nunca haviam representado. Produziu a série em dois momentos: em 1984 e 1991. Sobre o trabalho, ela fala: “Todos os meus livros não são feitos só por mim, mas também pelas pessoas que eu escolho pra participar do trabalho. ‘Personagens Femininos’ me ensinou a gostar mais das mulheres. Eu sou muito masculina, gosto muito mais do universo masculino em termos de franqueza, verdade, até de intimidade. […] Claro que eu tenho amigas maravilhosas, mas naquela época nos vivíamos num mundo muito fake, muito montado pras mulheres.
Foi aí que eu me dei conta de que a grande felicidade duma mulher atriz é poder fazer o que ela quiser. Ser quem quiser, se quiser ser mãe, puta; se quiser Nossa Senhora Aparecida: vai ser.
O teatro dá a oportunidade pra atriz ter uma liberdade que nós mulheres não temos no palco da vida.”[2] No livro aparecem mulheres famosas nacionalmente, como Fernanda Montenegro, Marília Pêra, Marieta Severo, Regina Casé, Giulia Gam, Vera Fischer, Glória Pires, Nicete Bruno, Zezé Motta, Beatriz Segall, Regina Duarte e Beth Goulart.




















LIVROS PUBLICADOS:
Homens. São Paulo: Cultura, 1980.
Personagens femininos. Editora Bamerindus, 1991.
Pantanal. São Paulo, 1996.
Salomé. São Paulo: Banco Real, 1997.
REFERÊNCIAS:
Revista Trip: Libertários
[1] Entrevista realizada em debate intitulado “O nu masculino” entre os fotógrafos Vania Toledo e Jorge Bispo para a Revista TPM, no ano de 2013. Vídeo do debate disponível no site: http://www.youtube.com/watch?v=AYvhDqrd43s
[2] Entrevista publicada no site: https://jocults.wordpress.com/2013/06/15/mulher-analogica-perfil-de-vania-toledo/