#mulheresquefotografam // Ale Rodrigues

Eu sou a Ale Rodrigues, eu moro em Porto Alegre, mas eu sou de Cachoeira de Itapemirim no Espírito Santo. Eu sou formada em Artes Visuais e entrei na fotografia a partir da faculdade. E depois eu procurei alguns cursos específicos pra fotografia. 

Nítida: Como tu começaste a fotografar e por que tu começaste a fotografar?

Ale: Eu comecei a fotografar ainda adolescente, tipo criança ainda, eu sempre nas reuniões de família eu pedia pros meus pais, na época ainda era filme, pedia pros meus pais pra fotografar, e era meio que uma responsabilidade né, porque queimou o filme a pose estraga né. E dentro na faculdade, quando eu fiz artes, eu já tinha na cabeça assim que eu queria pegar o máximo que eu pudesse de disciplinas de foto. Mas eu nunca vi muito como profissão, consegui comprar minha câmera depois e tal, mas eu usava como um hobby mesmo. E foi só agora mesmo, não faz nem um ano que eu pensei, “dá pra eu levar isso mais a sério assim, porque é isso que eu gosto de fazer realmente”.

N: Tu trabalhas com foto hoje?

A: Hoje eu tô mais ou menos trabalhando com foto, eu ainda tô caminhando, mas hoje me digo fotógrafa.

N: E que estilo de fotografia tu faz? 

A: Início de carreira a gente pega tudo (risos). O que aparecer a gente faz, com certeza. Mas o que eu realmente gosto de fazer é trabalhar com retrato, retratos femininos, com mulheres. Então eu tô tentando construir dentro desse meio, e também tenho uma paixão com fotografia de cinema. Então eu tô querendo também entrar ali, mas sei que é mais difícil,digamos, de realmente viver só de fotografia de cinema.

N: E tu tens algum projeto pessoal, mais artístico com fotografia?

A: Tenho no papel (risos). Eu tenho alguns projetos que eu tenho vontade de fazer, mas eu me mudei pra Porto Alegre faz pouco tempo, faz um ano e três meses mais ou menos que eu tô aqui, e antes disso eu não convivia muito junto de fotógrafos, de pessoas que faziam realmente arte de alguma forma. E agora que eu tô vendo que eu tô começando a conhecer pessoas, porque você também não consegue fazer um projeto sozinha. Então tô começando a conhecer pessoas que podem me ajudar nesse processo e ajudar a tirar isso do papel. Então eu tenho pelo menos dois projetos já estruturados e tá faltando mesmo ter um pouco de estrutura pessoal, de finanças e de equipe mesmo para conseguir fazer.

N: E tu percebes alguma discriminação de gênero, machismo, no meio fotográfico?

A: Assim, de experiência pessoal, eu fiz um curso sobre ensaios fotográficos e eu via muitos caras jogando como argumento que as mulheres tem facilidade pra fazer fotografia sensual porque são mulheres. E aquilo me incomodando… E quando um cara falou isso na minha frente eu disse: Por que que a gente é “privilegiada” dentro desse nicho? Porque uma mulher tem medo de ir com um cara e o cara abusar dela. Isso é privilégio? E o que eu sinto falta também dentro desse mercado especificamente é ter outras mulheres como referência para eu me inspirar. Eu sempre vejo “fulano é muito foda, ciclano é muito foda” e são sempre homens. As vezes quando eu encontro uma fotógrafa mulher que faz algo parecido com o que eu quero fazer eu fico “Essa é mina é muito incrível!” E no cinema então nem se fala. Acho que eu conheço uma fotógrafa de cinema.

N: E o que tu entendes por feminismo e tu te consideras feminista?

A: O que eu entendo por feminismo eu não sei se eu saberia expor em palavras assim. Mas eu acho que entendo como união, sabe? Mulheres unidas pra tentar mudar o que está colocado. Pra tentar vencer as barreiras que existem pra nós unicamente culpadas por nosso sexo. Eu me identifico muito com o feminismo dentro dessa perspectiva da união de mulheres. Isso eu entendo também como uma postura do meu trabalho, de que a gente tem que construir juntas, vencer isso juntas, nos fortalecermos, estarmos sempre nos apoiando. E eu me considero feminista.

N: E tu tentas trazer isso pro teu trabalho?

A: Justamente, nesses projetos que eu tenho em mente, eu penso na equipe e penso “eu conheço uma mina que faz isso?” né, eu não vou chamar um cara. E também quando eu preciso de segundo fotógrafo, de alguém pra uma assistência, eu tento dar sempre preferência pras mulheres. E eu acho que isso faz parte desse processo feminista. 

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Contato: @alerodrigues.s


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