#mulheresquefotografam // Ana Paula Micheli

Em junho realizamos a ação “Nítida – Mulheres que Fotografam” na Casa Baka – Arte e Cultura (Porto Alegre).  

A proposta da ação era dialogar com nossos pares e conhecer as mulheres que trabalham com fotografia e estavam perto de nós.

Quais seus rostos? Com o que trabalham? Quais seus projetos, anseios, dificuldades, experiências compartilhadas?

Sabemos que existem muitas mulheres fotografando, mas muitas vezes elas ficam invisibilizadas e isoladas. Com a atividade, queríamos materializar conexões no formato de retratos e entrevistas com essas mulheres, além de abrir espaço para conhecer pessoas e para que elas se conhecessem entre si.

Ao mostrar o rosto das mulheres que fotografam e questioná-las sobre seus trabalhos e o fato de ser mulher na fotografia, buscávamos também abrir um espaço de diálogo em um ambiente seguro, apenas com mulheres.

Estamos muito contentes com o resultado da ação e por poder dar visibilidade a algumas mulheres que fotografam na região de Porto Alegre.

A partir de hoje começaremos a postar individualmente os retratos e a entrevista de cada uma das #mulheresquefotografam que participaram da nossa ação.

Começamos com a Ana Paula Micheli.

Apresentação:

Eu sou a Ana Paula Micheli, tenho 24 anos, eu moro em Ipanema, na Zona Sul de Porto Alegre. A minha formação é em fotografia pela Universidade Feevale. Eu sou formada há uns 2, 3 anos. Mas eu trabalho muito como designer gráfica e oscilo pelo mundo do marketing. Faço técnico de publicidade e também tenho um pulo na moda, fiz alguns cursos, gosto bastante.

Nítida: E com fotografia, tu trabalhas com o que?

Ana Paula: Olha, eu acabo indo muito mais pra fotografia publicitária, mais comercial, editoriais de moda, mas também gosto bastante de ensaios, retratos, e fotografia mais conceitual, que daí é mais psicológico meu.

N: Trabalho pessoal mais artístico?

A: Isso, a gente traz isso muito da faculdade, a gente acaba inclinando o olhar mais pras artes quando a gente tá dentro da universidade, e acho que isso influenciou bastante como eu fotografo. 

N: E como e por que tu começaste a fotografar?

A: Na verdade eu sempre gostei de fotografar, muito porque eu gostava de ver certas imagens e queria ter aquilo pra ver depois, ou pelo menos me dar um gatilho de memória em relação aquele momento, e isso eu levo também pro meu trabalho em geral. De criar essas memórias pra despertar as lembranças, os sentimentos. E acho que foi por isso que eu comecei a fotografar, e a sequência também foi muito pra eu conseguir me expressar, porque eu nunca fui muito boa em oratória ou na escrita, colocar na grafia as coisas, e a fotografia me fez encurtar esse caminho entre o meu pensar e o meu sentir, pra eu poder me expressar de alguma forma.

N: Tu podes falar um pouco do teu trabalho pessoal? 

A: Ele é bem voltado pras minhas coisas. Eu tenho ansiedade, sou uma pessoa ansiosa, e eu sempre tentei principalmente na faculdade abordar esses temas. Então, eu trato de temas como ansiedade, angústia, depressão. São coisas para além da técnica. 

N: E tu colocas isso em imagens…com autorretratos?

A: Sim, eu tento transmitir, eu oscilo… O autorretrato ele me limita um pouco na hora da criação, geralmente quando eu estou com uma crise e eu quero botar pra fora, tem que sair imediatamente, então, nesses momentos eu acabo fazendo autorretratos. Mas no geral eu sempre pego alguém porque aí eu tenho um controle maior do ambiente, do olhar, eu prefiro. 

N: E tu percebes discriminação de gênero e machismo no meio da fotografia?

A: Isso é um assunto bem complicado porque sim né, é bem discrepante a relação de fotógrafos e de fotógrafas no mercado de trabalho, principalmente. E me incomoda bastante a gente, em outros momentos a gente já discutiu isso, mas acho complicado, porque a gente fala muito da questão da nudez feminina, só que até que ponto essa nudez feminina é algo empoderado e não mais do mesmo. Então acho que a gente tem que cuidar bastante. Mas eu acredito que sim, é bem discrepante essa relação das mulheres nesse mercado.

N: Tiveste alguma experiência pessoal com isso?

A: Pessoalmente não, porque nos ambientes em que eu fotografei e já cheguei a trabalhar em estúdio também como fotógrafa, todo corpo de colaboradores, de fotógrafas, eram mulheres. Não sei se por uma facilidade maior com o público, atendimento e tal, e as pessoas se sentirem mais seguras estando com mulheres também. A gente fazia muito sensual, muita fotografia com criança, enfim, tem toda essa relação que teoricamente uma mulher passa mais que um homem. Então eu particularmente não tive situações como fotógrafa ou relacionada a um outro fotógrafo em que eu percebi essas atitudes.

N:  Tu te consideras feminista? E o que tu entendes por feminismo?

A: Sim, com certeza. Eu acho que é a gente conseguir ter o mesmo espaço e não sofrer essa discriminação, vamos chamar assim, por ser mulher, e ter a liberdade que qualquer ser humano deveria ter independente das oportunidades. E a credibilidade né, eu percebo essa falta de credibilidade, tanto por ser jovem quanto por ser mulher.

N: E tu tentas colocar tua militância no teu trabalho com fotografia de alguma maneira?

A: Tu sabe que eu sou mais apegada a essa questão da psicologia e sentimentos e tal, que é o mais latente em mim, que eu sinto mais necessidade, e eu não vejo muito espaço pra falar sobre isso, então o feminismo em si, graças a deus a minha bolha me favorece nesse sentido de me expressar e trocar ideia, então eu sinto mais facilidade trocando com outras pessoas, mas não no sentido fotográfico. Não fiz nenhum projeto de cunho feminista, pelo menos mais especificamente.

N: É, mas eu acho que tu falando de ti mesma já ajuda…

A: De certa forma sim, mas acho que o foco é outro.

N: Mas de alguma maneira tu conversa com outras mulheres que podem passar pela mesma situação.

A: Sim, total, total.

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Contato: @anamickeli 

@anamickelifotografia

behance.net/anamickeli


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