RINEKE DIJKSTRA

Rineke Dijkstra é uma fotógrafa contemporânea conhecida principalmente pelos retratos que faz de adolescentes e jovens adultos. Utilizando uma câmera 4×5, um tripé e um flash, ela captura magníficas expressões e suas obras foram, diversas vezes, comparadas com pinturas clássicas. Seu trabalho faz parte de importantes coleções, entre elas a do Tate (Londres) e dos principais museus de arte de Nova York: MoMA, Met e Guggenheim.

Nascida na Holanda em 1959, Rineke estudou artes na Gerrit Rietveld Academie, entre 1981 e 1986, em Amsterdam – cidade onde vive atualmente. Nos primeiros anos após a faculdade, trabalhou como freelancer para revistas como Elle, Avenue e Elegance, além de fazer retratos corporativos. Mas foi após um acidente, que a deixou imobilizada por alguns meses, que ela tomou um rumo diferente para o seu trabalho. Para ajudar na recuperação, ela precisava fazer natação todos os dias e, em um dado momentos, passou a utilizar a câmera para se autorretratar. No mais conhecido desses autorretratos, que pode ser visto abaixo, ela está com roupas de banho e aparentemente vulnerável e insegura.

A própria fotógrafa fala sobre esse novo início de sua vida profissional: “Fiquei fascinada ao capturar algo inconsciente e natural em uma fotografia […]. Eu estava interessada em fotografar pessoas em momentos que elas tivessem deixado cair toda a pretensão de uma pose. Uma vez que eu comecei a tirar essas fotos, percebi que eu preferiria fazer uma série porque me daria uma melhor compreensão sobre um assunto”.

Como consequência disso, e também pelo fato de ter recebido uma encomenda de um jornal holandês para falar sobre o verão, surgiu a série Beach Portraits. O projeto, que iniciou em 1992, consiste em retratos de adolescentes em trajes de banho em praias de diferentes países: Estados Unidos, Polônia, Grã-Bretanha, Ucrânia e Croácia. O resultado são fotografias em grande formato (praticamente escala real) e que trazem questões interessantes em relação a uma fase da vida talvez pouco compreendida: “Eles mostraram o que não querem mais mostrar, mas continuam sentindo”. Com suas poses e comportamentos diante da câmera, é possível pensar sobre a vulnerabilidade emocional de quem está passando da infância para o início da idade adulta.

Essa investigação e, de certa forma, a tentativa de compreensão de pessoas de uma determinada faixa etária segue como tema principal em diversos outros trabalhos. Em Buzzclub / Mysteryworld (1996-97) a fotógrafa vai em duas boates, uma na Inglaterra e outra na Holanda, e pede para que alguns jovens dancem sozinhos sua música preferida em frente à câmera. Já em Tiergarten Series (1998-2000), ela retrata crianças que frequentam o parque Tiergarten, em Berlin, e também um parque na Lituânia – isso foi novamente abordado na série Park Portraits, de 2005. Jovens que entram para o exército israelense foi mais um tema abordado pela artista na série Israeli Soldiers (1999-2000).

A passagem do tempo e a vida em transição também são assuntos fortemente abordados em seus trabalhos. Com isso ela explora, não apenas fisicamente, mas também psicologicamente, as mudanças nas expressões e comportamentos de seus retratados. Em 1994, Rineke estava fotografando um asilo de refugiados e uma menina – na época com seis anos e que havia deixado para trás o seu país, a Bósnia – pediu que fosse tirada uma foto sua. Essa seria a primeira fotografia de uma grande série chamada Almerisa, que foi encerrada apenas em 2008, quando a própria menina chega na idade adulta e segura seu filho no colo. A artista também retratou, aproximadamente durante três anos, duas pessoas de gêneros e países diferentes que se alistaram para tornarem-se soldados: Olivier, alistado na French Foreign Legion, e Shany, que entrou para o exército de Israel.

Outras obras importantes consistiram em retratar pessoas logo depois de momentos de grandes tensões. Um belo exemplo é Mothers, de 1994, em que são fotografadas jovens mães, com seus bebês nos braços, minutos após o parto. Ela também fotografou toureiros portugueses pouco depois de saírem da arena, ainda com as marcas do combate. Sobre suas obras, Rineke diz que: “eu quero mostrar as coisas que você talvez não enxergue na vida normal. Eu faço coisas normais parecerem especiais”.

A artista possui, ainda, interessantes trabalhos em vídeo; como é o caso de: Marianna (The Fairy Doll), The Krazyhouse, I see a woman crying (Weeping Woman), Annemiek e Ruth Drawing Picasso. Trechos da maioria deles podem ser encontrados no Youtube.

Com um consistente corpo de trabalho, Rineke Dijkstra é um dos principais nomes da fotografia atual. Em 2012, o museu Guggenheim, juntamente com o San Francisco Museum of Modern Art, realizou uma retrospectiva do trabalho da fotógrafa – exposição que contava com cinco vídeos e mais de 70 fotografias.

Autorretrato, 1991

 

Beach Portraits, 1992-1994

Mothers, 1994

Toureiros, 1994-2000

Tiergarten Series, 1998-2000

Israeli Soldiers, 1999-2000

Almerisa, 1994-2008

Olivier, 2000-2003

Shany, 2001-2003

Park Portraits, 2005-2006

Frames dos vídeos Buzzclub / Mysteryworld (1996-1997) e The Krazyhouse (2009)

 

LIVROS
  • Rineke Dijkstra, 2001
  • Rineke Dijkstra: Beach Portraits, 2003
  • Rineke Dijkstra: Portraits, 2005
  • Rineke Dijkstra: A Retrospective, 2012
  • Rineke Dijkstra – The Krazy House, 2013
REFERÊNCIAS

FRIEDEWALD, Boris. Women Photographers: From Julia Margaret Cameron to Cindy Sherman. Prestel, 2014.

Artbook

artnet

Art in America

Art Tattler

Galerie Max Hetzler

Guggenheim

Hyperallergic

NY Times

NY Times Review

MMK

Popular photography

The telegraph

Wikipedia en


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