
Graciela Iturbide nasceu em 1942 na Cidade do México. Ainda criança, ganhou do seu pai uma câmera Brownie e começou a fotografar tudo a sua volta. Ingressou na Universidade Autônoma do México com a intenção de tornar-se diretora de cinema, mas logo conheceu Manuel Álvarez Bravo, fotógrafo modernista que dava aulas na mesma universidade, e encantou-se definitivamente pela arte fotográfica. Durante 1970 e 1971 trabalhou como sua assistente, viajando por todo o país.
Em 1978, Iturbide foi contratada pelo Arquivo Etnográfico do Instituto Nacional Indígena do México para documentar a população indígena do país. Decidiu, então, fotografar a população Seri, um grupo de pescadores nômades que vivia no deserto de Sonora, próximo à fronteira dos Estados Unidos, no noroeste do país. Desse projeto, publicou a série “Los que viven en la arena”. No ano seguinte, foi convidada pelo artista Francisco Toledo para fotografar a população de Juchitán, em Oaxaca, no sul do México. O povo nativo de cultura zapoteca foi registrado pela artista por dez anos e, em 1989, a série fotográfica foi publicada no livro “Juchitán de las Mujeres”.
Em Juchitán, a cultura tradicional está baseada no matriarcado e as mulheres são responsáveis por gerenciar as finanças e os negócios da família. Sobre esse período, revela: “Descobri o mundo das mulheres. Morei na casa delas. Me adotaram. Deram-me acesso a sua vida cotidiana e a suas tradições. Contavam histórias eróticas, faziam troça o tempo todo (…) Não apenas permitiram que eu as fotografasse como tomaram a iniciativa de me mostrar coisas. Passei a descrever Juchitán através dos olhos delas e ao mesmo tempo dos meus”.
Nas décadas seguintes, Iturbide trabalhou em diversos países da América Latina, além de Alemanha Oriental, Índia, Madagascar, Hungria, França e Estados Unidos. Em entrevista à plataforma Foto-Feminas sobre seus projetos, a artista afirmou: “O que me motiva são as surpresas que eu sei que irei descobrir. A câmera é um meio de conhecer a cultura e os costumes de cada lugar.”
No entanto, seus trabalhos mais reconhecidos ainda são as séries documentais sobre seu país de origem, o México, onde reside atualmente. A fotógrafa ainda utiliza equipamento analógico e passa um bom tempo debruçada sobre seus arquivos. Segundo ela, o processo fotográfico é um ritual, do ato fotográfico à edição final. Seu processo fotográfico é lento e minucioso e alguns de seus projetos levam anos para serem finalizados.
Assim como o tempo, a fotógrafa acredita que a imaginação é um ponto crucial para a produção fotográfica. Começou a fotografar quando adulta após o falecimento de sua filha de seis anos. Capturava imagens em cemitérios e os pássaros se tornaram recorrentes em suas fotos. Para ela, era uma terapia que se tornou libertação. As aves permaneceram sob seu olhar fotográfico por toda sua carreira.
Em um dos seus trabalhos mais recentes, “El baño de Frida”, a fotógrafa registrou o banheiro da pintora mexicana Frida Kahlo, que estava fechado com documentos e objetos pessoais desde sua morte, em 1954. “Meu trabalho no banheiro de Frida foi uma coincidência. Eu estava no museu fotografando outras coisas quando eu vi que eles tinham recentemente aberto o banheiro. Pedi à diretora, Hilda Trujillo, permissão para tirar fotografias e ela deu consentimento imediatamente. No dia seguinte, entrei no banheiro com minha câmera. O quarto cheirava muito mau, pois tinha ficado fechado por cinquenta anos. Foi muito emocionante encontrar esses objetos marcados com dor. Tirei fotografias, interpretando a minha maneira. Foi uma experiência muito poderosa.”
Iturbide expôs individualmente em importantes centros culturais, como o Centro Georges-Pompidou, Tate Modern, Museu Frida Kahlo, Museu de Arte Moderna de São Francisco, Museu Paul Getty e Fundação MAPFRE, entre outros. Também foi premiada por importantes instituições, como a Fundação Eugene Smith (1987), recebeu a bolsa Guggenheim pelo projeto “Fieste y Muerte” (1988) e o prêmio Hasselblad (2008). Mais recentemente, em 2015, recebeu o prêmio Cornell Capa, do Centro Internacional de Fotografia (ICP), pelo conjunto de sua obra. Iturbide é doutora honoris causa em Fotografia pela Columbia College Chicago e doutora honoris causa em Artes pelo San Francisco Art Institute.
















LIVROS PUBLICADOS
Avándaro. Texto de Luis Carrión. Ciudad de México: Editorial Diógenes, 1971
Los que viven en la arena. Texto de Luis Barjau. Ciudad de México: INI-Fonapas, 1981
En el nombre del padre. Texto deOsvaldo Sánchez. Ciudad de México: Ediciones Toledo, 1981
Sueños de papel. Texto de Verónica Volkow. Ciudad de México: Fondo de Cultura Económica, Colección Río de Luz, 1985
Juchitán de las Mujeres. Texto de Elena Poniatowska. Ciudad de México: Ediciones Toledo, 1989
Fiesta und Ritual. Textos de Erika Billeter y Verónica Volkow. Suiza: Benteli Werd Verlags A.G, 1994
Graciela Iturbide: La forma y la memoria. Texto de Carlos Monsiváis. Monterrey: Museo de Arte Contemporáneo de Monterrey, MARCO, 1996
Graciela Iturbide, Images of the Spirit. Textos de Alfredo Lopez Austin y Roberto Tejada. Nueva York: Aperture Foundation, Inc, 1996
Graciela Iturbide. Texto de Cuauhtémoc Medina. Londres:Phaidon, 2001
Pájaros. Textos de José Luis Rivas y Bruce Wagner. Santa Fe: Twin Palms Publishers, 2002
Graciela Iturbide habla con Fabienne Bradu. Conversaciones con fotógrafos. Madrid: La Fábrica, Fundación Telefónica, PHE Photoespaña, 2003
Woman A Celebration. Editado por Peter Fetterman. San Francisco: Chronicle Books, 2003
Naturata. Texto de Fabio Morábito. Ciudad de México / París: Galería López Quiroga y Toluca Editions, 200
Graciela Iturbide. Madrid: Tf Editores, 2006
Graciela Iturbide: Eyes to fly with / Ojos para volar. Textos de Fabienne Bradu y Alejandro Castellanos. Austin: University of Texas Press, 2006
Graciela Iturbide: Juchitan. Texto de Judith Keller. Los Angeles: Paul Getty Museum, 2007
El baño de Frida Kahlo. Ciudad de México: Editorial RM y Galería López Quiroga, 2009
Graciela Iturbide. Textos de Marta Dahó, Juan Villoro y Carlos Martín García. Madrid: Fundación MAPFRE, 2009
Graciela Iturbide: Asor. Obra electroacústica de Manuel Rocha Iturbide. Göttingen: Little Steidl, 2010
Graciela Iturbide: Juchitán de las mujeres: 1979-1980. Ciudad de México: Editorial RM y Calamus Editorial, 2010
Graciela Iturbide: Mexico – Roma.Ciudad de México: Editorial RM, 2011
Graciela Iturbide: No hay nadie / There is no one. Texto de Oscar Pujol. Madrid: La Fábrica, 2011
Graciela Iturbide. Textos de Michel Frizot y Robert Delpire. París: Lunwer y PhotoPoche, 2011
VÍDEOS
An evening with Graciela Iburbide – ICP
Documentário Há tempo (2007), dirigido por Alejandro Gómez de Tuddo
REFERÊNCIAS