
Diane Nemerov (1923 – 1971), que após o casamento adotou o sobrenome Arbus, nasceu em Nova York (EUA) em uma família de classe alta. Ela iniciou sua carreira na fotografia de moda e somente depois de alguns anos descobriu a fotografia documental e, com ela, sua grande paixão: retratar pessoas e estilos de vida considerados “fora do padrão da normalidade”. Por isso, ficou conhecida como fotógrafa dos Freaks.
Os pais de Diane (pronuncia-se Dee-Ann) eram donos da loja de departamento Russek’s Fur Store, especializada em roupas e artigos de pele. Allan Arbus, seu futuro marido, trabalhava no local e foi ali que eles se conheceram, quando ela ainda era adolescente. Após completar 18 anos, Diane casou-se com Allan e, pouco tempo depois, ele presenteou-a com uma câmera fotográfica.
Juntos, eles tiveram duas filhas e uma boa trajetória dentro da fotografia de moda, trabalhando para a Russek’s Fur Store e para revistas como Vogue e Glamour. Apesar de Diane trabalhar na parte de direção de arte e stylist, e não necessariamente com a câmera, o casal dividia os créditos das fotografias. Em 1955, uma foto feita por eles fez parte da exposição “Family of Man”, importante por ser uma das primeiras grandes exibições de fotografias em preto e branco feitas tanto por artistas homens como mulheres, no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).
A partir do ano seguinte, Diane deixou de lado a fotografia de moda e começou a explorar a sua própria visão de mundo. Ela trocou um universo cheio de glamour e riquezas para prestar atenção ao que realmente a interessava: falar sobre os excluídos – talvez até como forma de criticar uma sociedade que ela mesma estava incluída. Essas escolhas acabaram resultando, pouco tempo depois, no término do casamento (apesar de o divórcio só ter acontecido oficialmente em 1969).
No final da década de 50, Diane teve aulas com a fotógrafa Lisette Model, que declarou o seguinte: “Desde o início, ela [Diane] começou a fotografar de forma completamente diferente das outras pessoas, mas ela queria essa diferença, era uma diferença preconcebida, […] em todas as circunstâncias [o trabalho era] original e único” (trecho de entrevista livremente traduzida).
Os principais temas de seus retratos são situações e/ou indivíduos considerados bizarros. Artistas circenses, anões, pessoas com retardo mental e travestis são alguns de seus retratados mais frequentes. Segundo ela, “a maior parte das pessoas passa a vida temendo experiências traumáticas, enquanto estas já nasceram com seu trauma e já passaram pelo seu teste na vida – são aristocratas”. Em 1963 foi, pela primeira vez, em uma comunidade nudista. Ela encantou-se pelo estilo de vida e acabou voltando diversas vezes para fotografar, em três localidades diferentes.
Os retratos de Diane Arbus são instigantes provavelmente pela combinação de dois fatores. O primeiro é a escolha precisa de seus personagens e uma grande empatia com eles – que parecem confiar e se entregar à ela. O segundo fator é um detalhe técnico: usar o flash juntamente com a luz do dia (ela foi uma das primeiras fotógrafas a fazer isso), o que garante uma aura de estranheza ao retrato. Essa luz dura e direta, combinada com o primeiro fator, resulta em um trabalho marcante e até, muitas vezes, perturbador.
Esse novo estilo de fotografar teve um reconhecimento imediato; a prova disso é que ela recebeu duas vezes (1963 e 1966) a bolsa Guggenheim, que subsidiou seu trabalho. Em 1967, juntamente com Lee Friedlander e Gary Winogrand, seu trabalho foi exposto no MoMA, e, em 1970, ela fez um portfolio que continha 10 fotografias. Nesse momento, ela havia alcançado reputação internacional e era uma das pioneiras do new documentary style.
Apesar de ter experimentado uma carreira próspera, Diane entrou em depressão e suicidou-se em julho de 1971, aos 48 anos. No ano seguinte, tornou-se a primeira fotógrafa norte-americana a ter seu trabalho apresentado na Bienal de Veneza. Também em 1972, o Museu de Arte Moderna de NY (MoMA) fez uma grande retrospectiva de suas fotografias; a exposição viajou pelos EUA e Canadá e foi vista por mais de sete milhões de pessoas e, junto com ela, foi lançado o livro Diane Arbus: An Aperture Monograph, que teve várias edições e é considerado um dos livros de arte mais vendidos da história.
Para Diane, o retrato é “um segredo sobre um segredo”. Quanto mais ele revela, menos sabemos. E declarou: “Para mim, o sujeito da fotografia é sempre mais importante do que a própria fotografia, e mais complicado. […] Eu realmente acredito que existem coisas que ninguém iria ver se eu não as fotografasse”.




























Livros
- Diane Arbus: An Aperture Monograph (Aperture, 1972)
- Diane Arbus: Magazine Work (Aperture, 1984)
- Untitled: Diane Arbus (Aperture, 1995)
- Diane Arbus: A Chronology (Aperture, 2011)
- Diane Arbus Revelations (Random House, 2003)
- Diane Arbus: A Biography. BOSWORTH , Patricia (W.W. Norton & Company, 1984)
- An Emergency in Slow Motion: The Inner Life of Diane Arbus. SCHULTZ, William Todd (Bloomsbury, 2011).
Filmes sobre Diane Arbus
- Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus. Steven Shainberg. 2006.
- Masters of photography – Diane Arbus
Referências
ARBUS, Doon; ISRAEL, Marvin. Diane Arbus: An Aperture Monograph. Aperture, 1972.
HORWITZ, Margot F. A Female Focus: Great women photographers. Franklin Watts, 1996.