
Sophie Calle é artista plástica e fotógrafa francesa nascida em Paris, 1953. Ela utiliza suas experiências pessoais como ponto de partida para construir narrativas que desprezam os limites entre realidade e ficção; transformando situações banais em poesia, atingindo um público que transcende o mundo artístico.
Influenciada por um pai colecionador de arte, Sophie resolveu seguir a carreira artista. Na década de 60 viajou sete anos por diferentes países, tendo seu primeiro contato com a fotografia na Califórnia. Em 1970 voltou a Paris. Sentindo-se perdida, começou a caminhar pelas ruas da cidade e fotografar estranhos.
Destas caminhadas, surgiu o trabalho Suite vénitienne (Suíte Veneziana). A artista se interessou por um desconhecido e resolveu segui-lo pelas ruas de Paris fotografando e tomando notas como um detetive particular. Coincidentemente, ela foi apresentada a ele em um vernissage e descobriu que ele iria a Veneza; Sophie resolveu continuar seguindo ele até a cidade italiana.
Dois anos depois, em 1981, a artista resolveu inverter a situação. Ela pediu para a mãe contratar um detetive para segui-la por um dia. A performance se tornou o trabalho La filature (A perseguição), misturando fotografias e anotações de Sophie e do detetive.
Um dos trabalhos mais conhecidos da autora é o Prenez soin de Vous (Cuide de Você), 2007. Após receber uma carta de rompimento de seu namorado, ela convidou 107 mulheres de diferentes profissões para analisar e interpretar a carta; resultando em um trabalho multimídia exposto pela primeira vez na Bienal de Veneza, em 2007.
“Recebi uma carta de rompimento.
E não soube respondê-la.
Era como se ela não me fosse destinada.
Ela terminava com as seguintes palavras: “Cuide de você”.
Levei essa recomendação ao pé da letra.
Convidei 107 mulheres, escolhidas de acordo com a profissão,
para interpretar a carta do ponto de vista profissional.
Analisá-la, comentá-la, dançá-la, cantá-la. Esgotá-la. Entendê-la em meu lugar. Responder por mim.” (Sophie Calle)
Sophie desenvolveu outros trabalhos como Les Dormeurs (Aqueles que dormem), Le carnes d’adresses (Caderno de endereços), L’hôtel (O hotel), Doure exquise (Dor de cotovelo), No sex last night (Sem sexo na noite passada), Gotham Handbook (O guia de Gotham), Chromatic Diet (Dieta cromática), The Birthday Ceremony (Cerimônia de aniversário), Chambre aves vue (Quarto com vista) e, mais recentemente, Mas pu saisir la mort (Impossível capturar a morte). Neste último, ela filmou o momento em que sua mãe faleceu.
“Em vez de contar os dias que faltavam para a morte dela, passei a contar de forma obsessiva os minutos que faltavam para trocar a fita, desloquei a angústia. Quando ela morreu, eu estava efetivamente presente, vi seu sorriso.” (Sophie)
A artista vive a sua arte. Ela utiliza a fotografia, escrita e vídeo para realizar seus trabalhos que partem da sua vida. No entanto, Sophie Calle destaca que não faz da arte uma terapia.
“Meu trabalho não tem nada a ver com a intimidade. Quando uso minha vida, não é minha vida, é uma obra colocada na parede. Algumas coisas que me acontecem eu uso como o motor para um projeto, mas isso não significa para mim ensinar a intimidade, mas sim a poesia que vem das coisas banais, o que acontece com todo mundo. Eu trato de brigar com uma parede e fazer exposições. Não me interessa a quantidade de intimidade, ou de ausência, que está em minha obra. Esse é o trabalho do crítico. Essa é sua linguagem, não a minha.” (Sophie)
Sophie Calle faz de sua vida uma sequência de performances que giram em torno de regras como em um jogo. De acordo com o site video brasil, esse traço faz referência ao Oulipo, movimento literário francês dos anos 1960 em que escritores como Raymond Queneau, e Italo Calvino se propunham a criar a partir de regras restritivas.
A artista participa intensamente do circuito de arte com exposições nas principais galerias e museus do mundo. Entretanto, ela usufrui de diferentes meios de comunicação para atrair novos e distintos públicos.
“O que diferencia muitos de meus trabalhos é o fato de que eles são, também, minha vida. Eles aconteceram. Isso me distingue e faz com que as pessoas gostem ou desgostem intensamente do que faço. É por isso, também, que tenho um público além do mundo da arte.” (Sophie Calle)


Les Dormeurs (Aqueles que dormem), 1979
















OBRAS DE SOPHIE CALLE
- Suite vénitienne (Suíte veneziana), 1979
- Les Dormeurs (Aqueles que dormem), 1979
- La filature (A perseguição), 1981
- Le carnes d’adresses (Caderno de endereços), 1983
- L’hôtel (O hotel), 1984
- Doure exquise (Dor de cotovelo), 1984-2003
- No sex last night (Sem sexo na noite passada), 1992
- Gotham Handbook (O guia de Gotham), 1993
- Chromatic Diet (Dieta cromática), 1997
- The Birthday Ceremony (Cerimônia de aniversário), 1997
- Chambre aves vue (Quarto com vista), 2003
- Prenez soin de Vous (Cuide de Você), 2007
- Pas pu saisir la mort (Impossível capturar a morte), 2007
FILMES SOBRE SOPHIE CALLE
- Contacts 2 – Le Renouveau de la photographie contemporaine. 1990 – 2002.
REFERÊNCIAS